segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Projeto de Lei deve ser votado para implantar cadastro de crianças desaparecidas

Medida poderá facilitar o reencontro de mãe e filha como no caso de Denise e Daniele

Carol Asthine

A falta de cadastro de crianças e adolescentes desaparecidos tem gerado divergências quanto ao número real dos casos. As estatísticas oficiais registraram 1.257 desaparecimentos entre os anos 2000 e 2009, mas entidades e ONG’s que lidam com esse tipo de problema, afirmam que os casos chegam a 40 mil por ano. Para tentar ajudar casos como o de Denise Gomes, moradora de Teresópolis que reencontrou a filha após mais de 30 anos, tramita no Congresso um projeto que pretende criar um cadastro de informações de crianças e adolescentes desaparecidos.
O projeto prevê a criação de cadastro centralizado e integrado, para reforçar as ações de busca por crianças e adolescentes desaparecidos. As informações poderão ser fornecidas por órgãos públicos e instituições da sociedade.

O projeto prevê que a notificação sobre o desaparecido seja registrada obrigatoriamente e de forma imediata no cadastro nacional, e a investigação do desaparecimento será iniciada ‘imediatamente’ após notificação aos órgãos competentes, que deverão comunicar o fato aos portos, aeroportos, polícia rodoviária e companhias de transportes interestaduais e internacionais.

Muitas crianças são pegas na saída da escola, na rua, brincando e outras são retiradas de seus pais de forma covarde, e para encontrar se torna uma tarefa árdua. A história de Denise Gomes, que há 32 anos foi separada de sua filha, é um exemplo de mãe que lutou, mas não tinha muitos recursos para encontrar sua filha. Grávida com 14 anos, ela foi expulsa de casa e passou a dormir na rua. Acolhida pela Funabem, Denise passou toda sua gestação com os detentos. Quando deu à luz a seu bebê, pôde registrá-la normalmente, mas após 20 dias, foi separa de sua filha pelo seu pai.

Engravidar na adolescência, atualmente, é comum, mas nos anos 70, era considerado uma afronta à família. Por isso, mesmo com insistência da menina e dos responsáveis por ela na Funabem, aconteceu a separação.
Com o nome completo da filha, se já existisse algum processo ágil e de fácil acesso, o encontro das duas não teria demorado tanto tempo. Através de uma busca na internet, na semana do dia das mães deste ano, Denise encontrou na tela do computador uma esperança em encontrar sua filha.
Uma certeza ela tinha, que a menina, hoje uma mulher, estava sendo cuidada por Dona Iara. Na época da separação, essa senhora fazia trabalhos de artesanato na instituição e prometeu cuidar da Daniele.
Essa certeza muitas outras mães gostariam de ter, mas infelizmente a realidade das crianças desaparecidas é outra; muitas são pegas para o tráfico, abuso sexual, venda de órgãos ou sequestro.

A internet foi uma ferramenta imprescindível para um final feliz, mas a história da Denise poderia ter sido solucionada muito antes. A filha sempre soube o porquê da separação, e o encontro das duas, depois de 32 anos, provou que apesar do sistema ainda ter falhas, as novas tecnologias têm ajudado a solucionar problemas antigos.
Casos como esse são raros acontecer, muitas crianças somem e nunca mais são encontradas. Denise, que tem dois filhos do seu casamento, além de reencontrar sua filha, descobriu que tem quatro netos. Com esse novo cadastro, o objetivo é de que muitos outros filhos reencontrem seus pais em menor tempo e vivam de maneira digna.

Nenhum comentário: