segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Divórcio instantâneo pode ser o fim do “Felizes Para Sempre”

Carol Asthine

O “até que a morte os separe” se transformou para muitos casais em “até que o dia mau os separe”. É comum jovens, principalmente famosos, se casarem e em menos de um ano pedirem o divórcio. Um caso recente foi do jogador Alexandre Pato e da atriz Sthefany Brito que ficaram juntos por apenas nove meses. Os jovens se conheceram pela internet e resolveram tentar uma relação mais séria e agora, vivem em pé de guerra, um querendo provar a traição do outro e ainda brigam por pensão. O caso dos famosos se tornou público e pelo fato do jogador não concordar com o pedido da atriz, fica muito mais difícil resolver o problema. Esse fato confirma que banalização do casamento tem se tornado realidade a partir do momento em que muitos se casam já pensando na separação e não no “felizes para sempre”.

Para minimizar o processo burocrático que levava anos para ser resolvido, uma proposta de Emenda Constitucional, que acelera a dissolução do casamento, foi aprovada no último mês em primeiro turno. A legislação antiga só permitia o divórcio quando o casal tivesse pelo menos um ano de separação judicial, decretada por um juiz, ou dois anos de separação de fato, com marido e mulher já vivendo separados, mas ainda legalmente casados. Com o novo processo, o divórcio acontece de imediato, no entanto, o casal precisa concordar com a decisão.

Mas não é tão fácil decidir pelo divórcio, apesar de no cartório agora ser instantânea a separação, muitos casais têm filhos, e essa é a maior preocupação dos pais, que muitas vezes estendem o relacionamento por medo da reação das crianças.
Ao contrário de alguns trinta ou vinte anos atrás, a separação hoje é mais freqüente e as pessoas se casam já pensando: “será que vai dar certo?”, “união parcial ou total de bens?”, “junto ou caso?”. O medo de unir parece maior do que a de desunir.

Mas, e as crianças? Sim, elas ainda são barreiras, principalmente para mulheres que querem se separar. Mesmo em uma sociedade tão moderna, centenas de casais não satisfeitos com a sua relação, continuam casados ‘pelos seus filhos’ e toda a convivência torna-se um sacrifício, para pais e filhos, que têm convivem com brigas e discussões.

Segundo a psicóloga Juliana Sampaio, tem sido grande o número de mulheres que buscam na terapia a ajuda para resolver suas questões conjugais. Ao contrário, do que mostram as pesquisas, as mulheres que chegam ao consultório, são as que não têm sua independência financeira e por isso, entram num conflito para resolver qual a melhor escolha a ser tomada. Entre continuar num casamento infeliz e não ter que se preocupar com a sua situação financeira e o conforto dos filhos. Ou irem à busca da sua felicidade e enfrentar as dificuldades de uma mulher separada, tendo que entrar no mercado de trabalho e manter um lar. Antigamente a mulher era a vítima; ela é quem se anulava pra satisfazer o marido.

Para evitar tomar uma decisão tão séria quanto essa, estudos vêm sendo realizados para ajudar os casais a se separarem menos. Uma pesquisa realizada pelo Centro de Pesquisas, nos Estados Unidos, revela que embora o sucesso financeiro da mulher seja frequentemente uma ameaça ao marido, o fato da mulher trabalhar fora tem um efeito positivo e contribui para um casamento mais feliz, além de reduzir o número de divórcios.
“Hoje, com a busca da independência financeira das mulheres e em conseqüência do recalque causado pela submissão das mães e avós, as mulheres ganharam força e poder para lutarem pelo o que há de melhor para suas vidas. Com certeza, a nova lei facilitou bastante a parte judicial. Mas o lado emocional de todos os membros inseridos nessa família é o que realmente preocupa muito essas mulheres.” afirma a psicóloga Juliana Sampaio. Ela afirma ainda que a preocupação da mulheres é muito maior com os sentimentos de raiva, culpa, solidão, magoa, agressividade que irão vivenciar seus filhos, do que como o marido vai compreender sua atitude.
Entretanto, na terapia elas não vão encontrar uma resposta por parte do psicólogo se elas devem ou não se separarem, e sim elas vão aprender a se auto-conhecer, a se compreender melhor, a se respeitar, se valorizar, olhar para si mesma e descobrir o que realmente vão torná-las melhores e felizes. Podendo assim tomar a decisão certa onde o sofrimento seja o menor possível.
Coluna Voz Mulher - 26.08.10

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