segunda-feira, 31 de maio de 2010

Um dom especial para crianças especiais

Por Carol Asthine
A escola municipal Antônio Santiago, em Agriões, vem se destacando por seu trabalho com crianças especiais desde o final de 2009. Atualmente, quatro alunos são assistidos com materiais e ensino diferenciado. Isabel Medeiros, responsável pelo projeto, acredita que o especial precisa ser visto como um cidadão, com desejos, preferências, afinidades, vontade própria, entre outras particularidades que devem ser respeitadas como a qualquer outra pessoa.
Acredita ainda que ele seja capaz de realizar várias atividades à sua maneira e é possível e aceitável que utilize formas não convencionais para atingir objetivos que também podem ser diferentes dos da maioria.
Por isso, a artesã, que trabalhava como auxiliar de serviços gerais na escola e atualmente cursa pedagogia, começou a colocar em prática o que ela acreditava: a inclusão escolar. Enquanto fazia suas tarefas diárias, começou a perceber as limitações do aluno Lucas Rocha e iniciou então o processo de desenvolvimento de materiais pedagógicos adaptados.
Arquivo escola
Segundo Isabel, Lucas não se concentrava nem por dois minutos em nada. Ela precisava a todo o momento ir atrás dele, pois escorregava por baixo da carteira e engatinhava por toda a sala e para fora dela. “Comecei a olhar ao redor da carteira do Lucas e tentei me colocar no lugar dele para saber como eu poderia ajudá-lo. Tentei ver o que ele via. Sua concentração era nula, a não coordenação motora levava sua cabeça a girar o tempo todo e não tinha controle dos membros. Confesso que tentei muito, mas não vi nada. Procurei então ouvir o que possivelmente Lucas ouvia. Deixei de lado minha percepção e procurei atingir uma percepção próxima a dele.” Conta ela.

Objetivos foram estabelecidos para o trabalho, como o resgate da autoestima e participação de projetos em comum com os demais alunos. Atualmente, Lucas sabe todo o abecedário, presta atenção nas lições, realiza as atividades propostas e não falta a nenhuma aula.
O avanço dele é reconhecido por professores, alunos e pais. “Lucas passou a se conhecer e ver que tem capacidade. Ele surpreende a gente todos os dias. O interesse dele pela escola aumentou e hoje ele sai de casa com a intenção de aprender algo novo”, conta Cristiane Rocha, mãe do menino. Através de um trabalho bem desenvolvido, foram chegando mais crianças, somando um total de quatro.

Cada um tem seu material específico, de acordo com a sua necessidade. Ela acredita que é necessário “respeitar as especificidades e singularidades de cada especial propiciando sempre situações em que haverá o desenvolvimento da identidade e autonomia de cada um”. Isabel Medeiros prepara todo material a partir da reciclagem e sua inspiração ela tem certeza que vem de Deus.

Cada escola precisa buscar meios para educar o especial que for recebido por ela. Meios ousados, não convencionais, meios talvez nunca vistos nem ouvidos por ninguém. Adaptar, criar, reciclar, não importa, é preciso ousar acima de tudo para superar desafios, essa é a proposta da educadora.
Carol Asthine
Por isso, para quem pretende investir na idéia é preciso saber que o trabalho não é fácil, vários obstáculos serão encontrados, mas o resultado final é gratificante e recompensador.
A meta é não desistir nunca, se estiver difícil é porque está na hora de mudar de tática. Isabel Medeiros
Todo trabalho foi desenvolvido através de muita dedicação e pesquisa. Isabel nunca fez um curso específico para educação especial, mas tem ajuda de professores da faculdade onde estuda e apoio da coordenação da escola Antônio Santiago.

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